Pese a origem do nome remeter para o rio Tejo (já que riba significa à margem), o Ribatejo é uma região cuja paisagem e geografia não se esgotam nas imediações do dito, nem nas respectivas – e lindíssimas, por sinal – aldeias avieiras. Não. Nem é, tão pouco, apenas terra de campinos e toiros bravos, como certos manuais de escola nos teimaram ensinar. A única região do país que não tem mar nem fronteira com Espanha é, isso sim, dona de uma paisagem diversa, que se espraia por campos férteis de aluvião, áreas de montado e, a Norte, uma serrania imponente.
Tal como acontece noutras regiões do país, é possível dividir o Ribatejo em várias zonas: Lezíria, Charneca e Bairro. Vamos, então, por partes.
A lezíria, que identifica as planícies que correm junto ao curso do Tejo, guarda dos solos mais ricos e férteis do país. É nela, por exemplo, que nasce o distinguido Arroz Carolino das Lezírias Ribatejanas IGP, produzido pela Orivárzea. Mas não só: o fabuloso tomate e os melões ribatejanos também lhes devem a sua existência e sabor.
Na charneca, a sul do Tejo, a paisagem vai mudando conforme nos afastamos do rio. Se mais próximo do leito ainda se encontram arrozais, os terrenos do interior são sobretudo arenosos e em muito semelhantes aos do vizinho Alentejo. Não é de estranhar, assim, a proliferação de vastas áreas de montado de sobro e campos de cereais, intercalados com alguma vinha.
E escrevemos alguma porque a maioria dos vinhos ribatejanos são do chamado bairro, a zona a norte do Tejo, onde os solos são argilosos e de calcário. É, aliás, o maciço calcário da Serra de Aire e Candeeiros o grande responsável pelo excelente sal de Rio Maior. É também no bairro que se encontram as maiores extensões de olival em toda a região e que dão origem ao Azeite do Ribatejo DOP. Na zona de Abrantes, por exemplo, destaca-se a Sociedade Agrícola Ouro Vegetal, que produz, entre outros, o premiadíssimo Cabeço das Nogueiras.
A gastronomia ribatejana também beneficia da mesma variedade. Junto ao Tejo ainda se encontra quem faça dos peixes de rio iguaria – do sável à fataça. Já os torricados de bacalhau, generosas fatias de pão assadas na brasa e regadas com azeite para acompanhar o fiel amigo, ficaram como memória de tempos de trabalho duro, na pesca ou no campo. E não há como falar de Ribatejo sem falar na mítica sopa da pedra de Almeirim, que leva de tudo um pouco e é, além de uma refeição substancial por si só, um magnífico resumo da região.
Tiago Pais - Jornalista