OS PRODUTORES
MATEUS NICOLAU DE ALMEIDA
Douro
O Produtor
deve ser apresentado com um aviso à navegação: ele é louco, caiu no lagar quando era pequenino, e nessa senda Obélixiana, nasceu uma inexplicável vontade de carregar menires, cavá-los, e fazer vinhos lá dentro. Também come javalis, e sempre que visita a Península Itálica, em feiras de vinho e outras romarias, deixa os Romanos boquiabertos. Cavou uma fenda no Xisto da sua propriedade em Vila Nova de Foz Coa, e dentro do buraco construiu a sua adega. Mora isolado nas montanhas com a sua mulher Teresa Ameztoy que conheceu em Bordéus quando estudavam enologia. Pequeno detalhe biográfico: é bisneto do fundador da Ramos Pinto, neto do criador do Barca Velha, e filho de uma das maiores lendas vivas do vinho português – João Nicolau de Almeida.
O Douro Superior é uma região seca, xistosa e elevada, onde as vinhas podem estar a mais de 400 metros acima do nível do rio. O índice de pluviosidade da região é de 30 a 45 dias de chuva por ano. Para termo de comparação, no Baixo Corgo (extremo oposto da região do Douro), pode chover 150 dias por ano ou mais. Esta carência de água leva as raízes da videira a cavarem mais o subsolo, tendo estes vinhos uma envolvência xistosa (robustez e corpo) mais pronunciada que os das outras sub-regiões. É na inclinação que estes vinhos encontram o equilíbrio.
Vila Nova de Foz Coa situa-se a sul do rio Douro, e administrativamente ainda pertence ao distrito da Guarda, contudo, a geologia e o clima da região são muito mais durienses que a fria e granítica capital distrito a que Foz Coa pertence.
O método: Quase todos os seus vinhos são vinificados em cimento. Os Transdouro Express, são a expressão dos vários climas do Douro, e resultam do mesmo blend de castas oriundo de sub-regiões diferentes (Baixo Corgo, Cima Corgo e Douro Superior). Os Eremitas são o resultado de um trabalho aprofundadíssimo sobre o terroir. A mesma uva, Rabigato, origina três vinhos brancos, todos do Douro Superior, vinificados da mesma forma, porém, de parcelas distintas: do sopé da colina, do meio da colina e do cimo da colina. Nos Curral Teles o Mateus busca galvanizar o lado mais humano dos vinhos, procurando expressar aquilo em que as pequenas decisões humanas alteram no resultado final. Estes vinhos são identificados por letras do alfabeto grego. Por último, o “Dwr” (suspeita-se que seja esta a palavra Celta para designar a região) vinificado de forma única no mundo, dentro de uma pedra que demorou mais de 10 anos a cavar. O vinho passa um ano e meio em contacto pelicular e sai da pedra com o tanino mais delicado do Douro Superior.