PAULINO HORTA

Alenquer

Serão as farinhas todas iguais? Não. Nem pensar. Bastou conhecer Paulo Horta, moleiro de quarta geração, para perceber que para fazer uma boa farinha é preciso bom cereal, naturalmente, mas acima de tudo, acima até do conhecimento técnico, entusiasmo por aquilo que se está a fazer. Acho que podemos até ir um pouco mais longe e dizer mesmo que o grande segredo por trás destas farinhas extraordinárias está amor, muito amor.

O entusiasmo com que nos explica como fazer uma boa farinha é o mesmo que tem uma criança quando entra num carrossel. Mostrou-nos a sua coleção de mós de pedra com a alegria e orgulho de quem está a mostrar bens preciosos raros, bens de família de valor incalculável. Mostrou-nos o seu bem mais precioso, o moinho de vento, que funciona na perfeição.

A forma como tudo funciona, desde a forma como um moleiro sozinho consegue mudar uma mó de centenas de quilogramas ou como se alinham as velas com o vento apenas escutando “apenas” o assobio do moinho. Nem tudo é mágico na vida de um moleiro, o vento não escolhe horas, o processo é lento para que as farinhas não aqueçam, mas felizmente hoje em dia existem processos mecânicos que lhes permite fazer boas farinhas com recurso a mós de pedra auxiliadas por meios mecânicos. Como ele nos disse uma vez “os outros vendem farinha, no Paulino Horta tu compras emoções que se transformam em pão”. Sem tanto carinho não seria a mesma coisa.